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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um Berimbau sobre a cama

CATEGORIA: SUSPENSE

Uma criança desaparecida, uma mãe aflita, um pai esquisito e um berimbau sobre a cama vazia fazem o enredo deste próximo devaneio. Segue mais uma história de suspense!

Era noite e Ângela dava um beijo na testa de seu filho Nícolas enquanto o cobria, logo depois apagou a luz do abajur e antes de sair do quarto, já com a mão na maçaneta da porta olhou para seu filho que dormia como um dos seres mais angelicais.

Atravessou o corredor da imensa mansão localizada na zona nobre do Rio de Janeiro, desceu as escadas, foi até a cozinha, tomou um copo de leite e logo depois foi para o seu quarto dormir.

Na manhã seguinte se levantou para tomar café e se assustou ao chegar na cozinha e não encontrar seu filho tomando café com a babá enquanto assistia seu desenho preferido. Desconfiada subiu as escadas e percebeu uma movimentação suspeita entre seu marido e funcionários, ao se aproximar um pouco mais ficou ainda mais desconfiada daquela situação pois todos que até então cochichavam se calaram.

- O que houve, onde está o Nícolas. - Perguntou a aflita mãe enquanto arrumava seu roupão sobre a camisola.
- Se acalme querida, aconteceu algo muito estranho. O Nícolas simplesmente desapareceu. - Respondeu seu marido.
- Não pode ser, meu filhinho não. Quem faria algo assim?

Ela entrou chorando no quarto do seu filho e encontrou apenas uma cama bagunçada. Perguntou aos prantos todos os funcionários mas nenhum deles havia visto ou escutado nada. Ângela achou estranho o fato de seu marido e nenhum dos funcionários ligarem para a polícia e mesmo contra a vontade de seu marido que disse preferir que a polícia ficasse de fora do caso ela ligou.

Aproximadamente uma hora depois chegou um delegado de polícia acompanhado por dois assistentes e iniciarão as investigações, enquanto a mãe desesperada permanecia na cozinha tomando um chá de camomila na tentativa de se acalmar.

Algum tempo depois os policiais entraram na cozinha e se sentaram a mesa. O delegado segurando uma das mãos de Ângela lhe disse para ficar tranquila que eles encontrariam seu filho desaparecido.

- Delegado, por favor me explique tudo que vocês já sabem. Todos parecem estar com medo de me falar o que aconteceu. - Disse a mulher quase suplicando por notícias de seu filho.
- Hoje pela manhã, aproximadamente as 8:20hs da manhã a babá entrou no quarto do seu filho e não o encontrou, pensando que ele poderia estar caminhando pela mansão ou pelo jardim ela olhou tudo para só então falar com seu marido que o menino havia desaparecido, segundo ele era aproximadamente umas 8:40hs da manhã quando a babá o comunicou quando ele já estava na cozinha tomando seu café.
- Deve haver alguma confusão, eu sempre acordo ás 9:00hs, eles teriam me comunicado antes disso. - Retrucou Ângela.
- Segundo eles, quiseram lhe poupar dessa preocupação. - Disse o Delegado.
- Como assim? Acharam que eu não perceberia a ausência de meu único filho?... O que mais descobriram?
- Os seguranças garantem que ninguém entrou ou saiu daqui durante a noite. Já conversamos com quase todos os funcionários de vocês e ninguém viu absolutamente nada.
- Quase todos? Ainda não falaram com quem?
- Um dos seguranças que saiu hoje pela manhã.
- hummmm. Peçam a Gertrudes que nossa empregada de muitos anos para ligar para ele e chamá-lo aqui imediatamente. Ela é uma espécie de dona aqui nesta casa, sabe mais do que eu de tudo que acontece aqui.
- Ok, na verdade já pedidos o endereço dele e iremos procurá-lo assim que sairmos daqui. A senhora sabe de algo que possa contribuir com nossas investigações?
- Infelizmente não, assim que eu soube liguei para vocês. Não conseguiram nenhuma pista?
- Absolutamente nada, ninguém viu nem escutou nada. A criança sumiu misteriosamente.

Conversaram mais um pouco com Ângela e logo depois o delegado e um dos seus assistentes foram até a casa do segurança, enquanto o outro permaneceu na mansão na esperança que um dos sequestradores entrassem em contato com a família para pedir o dinheiro do resgate. Durante a conversa com o segurança não descobriram nada que pudesse contribuir com as investigações, no caminho de volta para a mansão o delegado disse ao seu assistente que havia achado estranha a postura do pai que parecia estar falando menos do que realmente sabia.

Ao chegarem na mansão conversaram com o pai  que apesar de aparentar uma preocupação com seu filho era evasivo em algumas respostas. A noite chegou e todos os policiais, funcionários e seu marido estavam acampados na sala de estar enquanto Ângela estava na cozinha olhando fixa para o telefone que só tocava para assuntos que não tinha nenhuma relação com o desaparecimento do seu filho. De repente Gertrudes sua empregada mais antiga entrou e olhando no fundo dos olhos aflitos e lacrimejados daquela mãe disse que tinha algo importante para lhe contar.

- Fale Gertrudes, sabe que não tenho segredos com você. Porque está fazendo cerimônia?
- Então senhora, não sei como lhe contar, o senhor Alfredo proibiu que qualquer um de nós lhe contasse isso. Sinceramente não julgo tão importante, mas os policiais disseram que qualquer pista pode ajudar na busca do paradeiro do Nícolas. E mesmo sabendo que ele irá brigar comigo resolvi lhe dizer para a senhora decidir se conta ou não para os policiais.
- Fale mulher! Diga logo.
- Hoje quando entrou no quarto do seu filho a babá encontrou uma miniatura de um berimbau sobre a cama dele, mas o Senhor Alfredo pegou, guardou e disse que se algum de nós lhe contasse isso ele nos demitiria. Não entendi qual seria o interesse dele em esconder isso, mas permanecemos calados até agora.

No silêncio da sala de estar Ângela surgiu desesperada e aos prantos começou  a socar o peito do seu marido enquanto o chamava de idiota. Os policiais a seguraram e perguntaram o que estava acontecendo.

- Esse imbecil está escondendo provas que podem ajudar a encontrar o nosso filho. - Disse Ângela.
- Como assim? - Questionou o delegado.
- Não sei, acho que ela enlouqueceu. - Disse Alfredo.
- O único louco aqui é você. Porque escondeu o berimbau que estava sobre a cama do nosso filho?
- Peraí! Que história é esse de berimbau que ninguém havia nos dito? - Questionou o delegado.
- Ela deve estar louca. Eu já disse tudo que sabia. - Disse Alfredo.
- Não disse não, hoje cedo a babá viu um berimbau sobre a cama do menino quando percebeu sua ausência. - Interrompeu Gertrudes
- Sentem-se todos, vamos esclarecer isso. - Ordenou o delegado num tom firme de voz.

Durante a conversa o pai do menino assumiu que havia escondido o berimbau mas insistia que não julgava isso como uma prova importante para as investigações. Disse que havia pensado que aquele era um dos brinquedos do seu filho, mas logo foi desmentido por sua esposa que disse que Alfredo sabia muito bem que seu filho não tinha nenhum berimbau. Os policiais pediram para ver o objeto e o pai do menino o trouxe logo em seguida.

- Essa história esta muito estranha, realmente eu não gostaria de ter que fazer isso. Mas o senhor terá que nos acompanhar até a delegacia para esclarecermos melhor essa situação. Ocultar provas é algo muito leviano para uma pessoa tão bem informada e culta como o senhor.
- Não acredito que estejam desconfiando de mim. Porque eu sequestraria meu próprio filho? - Disse Alfredo.
- Ninguém o acusou de sequestro. Simplesmente percebo que o senhor está falando menos do que realmente sabe. Assim fica difícil solucionarmos este caso.
- Porque o senhor não fala logo tudo que sabe. - Disse um dos seguranças.
- Quanto mais mechemos nessa história mais o senhor se complica. Chega de interpretação Sr. Alfredo, estamos aqui para lhe ajudar a encontrar o seu filho, se sabe de algo esse é o momento de falar. - Disse o delegado.
- Eu já disse que não sei de nada, só guardei o berimbau porque não achei que fosse uma pista.
- Se realmente pensasse que era um simples brinquedo do seu filho, não teria proibido seus funcionários de falarem sobre isso. O Sr. permite que agente veja seu celular? - Disse um dos assistentes.
- Sei dos meus direitos e vocês não podem me tomar o celular sem meu consentimento.
- Mas eu sim. - Disse Ângela enquanto tomava o telefone das mãos do seu marido.

Correu para trás dos policiais, olhou as ligações do seu marido e o último número que ele havia ligado não tinha nome, então ela ligou novamente e colocou no viva voz. Uma mulher atendeu e disse:

- E aí já decidiu o que fará? Preciso saber o que faço com o garoto.
- Quem é? Porque você está com meu filho? - Gritou Ângela.

Logo em seguida e pessoa desligou. Um dos seguranças indignados disse que alguém havia estado na mansão durante a noite, mas que logo pela manhã quando contou ao Sr. Alfredo ele lhe deu um dinheiro e pediu que o mesmo não contasse para ninguém.

- Seu desgraçado! Você raptou nosso filho, seu monstro doente. - Disse a mãe em desespero enquanto partia para cima do seu marido.
- Chega! O senhor está preso. - Disse o delegado enquanto continha Ângela.

Todos estavam abismados ao verem seu patrão saindo algemado como um criminoso, parecia um pesadelo terrível que aquela mãe estava vivendo. Ela ficou a noite toda em claro encolhida no sofá da sala e logo pela manhã quando o sono já havia lhe vencido, seu filho entrou correndo gritando mamãe e ela o abraçou com toda força, finalmente o pesadelo havia terminado.

Logo em seguida entrou o delegado que esperou alguns minutos para que ela confirmasse que seu filho realmente estava bem e lhe contou o desfecho desse misterioso desaparecimento. Alfredo havia iniciado um relacionamento extra conjugal com sua secretária durante uma viagem que havia feito há alguns meses para a Bahia. Permaneceram se encontrando durante um bom tempo, mas a aproximadamente duas semanas eles romperam pois Alfredo planejava se separar e por saber que uma das cláusulas do contrato pré nupcial exigidas pela família de Ângela antes do casamento era que ele não receberia nada da sua esposa em caso de traição, uma vez que a milionária era ela e ele já havia sido visto inclusive por funcionários da mansão se agarrando com a moça quando Ângela viajava. Prometeu para secretaria que após o início do processo de separação ele ficaria com esta, mas ela temendo que isso fosse uma desculpa para se afastar definitivamente dela veio até a mansão durante a madrugada dizendo que deixaria sorrateiramente uns papéis para ele assinar na manhã seguinte e os seguranças permitiram sua entrada. Ela pegou o menino colocou no banco de trás do seu carro e o sequestrou, o berimbau serviu como uma pista para Alfredo saber que isso era obra dela, pois quando se envolveram na Bahia ele havia comprado para ela se lembrar dele.
Pela manhã ele percebendo isso, ligou para ela totalmente transtornada que o ameaçou dizendo que se ele não voltasse para ele imediatamente nunca mais veria o filho de vocês.

- Não acredito que ele ainda estava hesitando entre a vida do nosso filho e a fortuna. Eu conheço a secretária dele, me parecia uma moça tão inteligente e centrada. Quero que tanto ele quanto ela sejam condenados.
- Eles serão, ela por sequestro e ele por ser cúmplice e por ocultação de provas.
- Muito obrigado por trazerem meu filho, ao contrário dele eu trocaria toda minha fortuna por esse abraço. - Disse ela enquanto abraçava seu filho.


Gota de Devaneio: O sentimento de rejeição é como uma faísca para incendiar até mesmo o mais centrado de todos os seres.
Anderson Carlos de Oliveira


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