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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O PINTINHO ORFÃO

CATEGORIA: CONTO INFANTIL

  • Conto Escrito especialmente para o momento do conto no Espaço Girassol para terceira idade.

Era um dia aparentemente como todos os outros e sol estava radiante na fazenda do Sr. Nestor, todos os animais estavam muito animados. A galinha que agora era a única da fazenda estava chocando seus ovos no ninho, tinha uma grande responsabilidade, pois como o senhor Nestor havia acabado com a granja e vendido todas as outras galinhas devido a problemas financeiros, ela via naqueles ovos um novo futuro para aquela fazenda, quem sabe dentro de pouco mais de 1 ano não pudesse ter várias galinhas e pintinhos novamente.
Todos os bichos estavam fazendo sua parte na fazenda e ela também. A vaca até a chamou para dar uma voltinha, mas ela respondeu que seus pintinhos iriam nascer a qualquer momento e ela queria estar ali para ver tudo.
Não demorou muito e a galinha escutou um barulho, levantou-se um pouco e logo que olhou para baixo percebeu que um dos seus pintinhos já havia nascido, era todo amarelinho, com uma mancha negra envolta dos olhos e parecia estar muito assustado, pelo tamanho da crista ela já percebeu que aquele seria um grande galo dentro de alguns meses. Mas ela ainda tinha que continuar chocando todos os outros ovos, a dias não dormia direito e acabou cochilando ali mesmo em seu ninho, quando acordou já era noite e sentiu que algo mexia embaixo dela, ao olhar todos os 7 ovos haviam se quebrado e todos os pintinhos estavam bem, ela ficou muito feliz e pensou que agora não era mais a única galinha naquela fazenda.
Logo que o dia clareou ela foi passear com seus pintinhos para que todos da fazenda pudessem conhece-los e se assustou ao perceber a ausência de um deles, era justamente aquele danadinho do bico preto. Ela saiu procurando e logo o avistou do outro lado da cerca, saiu em dispara para lá. Era muito perigoso onde ele estava, pois ao redor da fazenda havia uma enorme mata e uma onça pintada rondava o lugar e costumava atacar alguns animais que estivessem fora da fazenda.
A galinha saiu correndo e os outros pintinhos também, com muito sacrifício ela se espremeu por um pequeno buraco que encontrou na cerca e todos os demais pintinhos continuaram a seguindo.
- Volte meu filho, este lugar é muito perigoso. Entre novamente na fazenda! – Gritou ela.
Colocou uma de suas asas sobre ele e percebeu que todos os outros pintinhos haviam a seguido também, mas antes que pudesse atravessar a cerca com eles, se deparou com uma enorme onça pintada. A felina nem deu tempo para que eles pudessem correr e atacou a galinha e os pintinhos. Um a um ela foi comendo enquanto a galinha batia suas asas e sobrevoava a cabeça dela na tentativa de afastá-la, mas logo percebeu que tudo isso era em vão, a onça estava faminta e só iria parar quando devorasse todos eles.
Haviam restado apenas a galinha e o pintinho do bico preto, quando a galinha disse:
- Corra para o buraco na cerca meu filho. Tente voltar para dentro da fazenda enquanto eu a distraio.
O pintinho correu desesperado para o buraco na cerca e logo que conseguiu atravessar, olhou para trás e viu penas marrons voando e a onça mastigando alguma coisa. Começou a chorar concluindo que sua mãe também havia morrido junto com todos os seus irmãos, logo em seguida ele desmaiou e quando acordou já estava dentro de um celeiro.
Olhou para os lados e pode perceber que aquele era algum tipo de reunião entre todos os bichos da fazenda.
- Onde está minha mãe e meus irmãos? – Perguntou ele que mesmo se lembrando de tudo ainda tinha uma pequena esperança que aquilo tudo não passasse de um terrível pesadelo.
- Infelizmente todos morreram. – Respondeu a coruja.
- Mas já estamos providenciando uma nova mãe para você. Já disse que sou a mais adequada para isto, como não temos mais nenhuma galinha por aqui, o correto é que eu possa cuidar de você meu pequeno órfão. – Disse a dona Pata.
- E como você acha que irá ensiná-lo a nadar? – Disse a vaca.
- Não havia pensado nisso, mas podemos colocá-lo num barquinho de papel. – Retrucou a pata.
- Que barquinho de papel que nada. Galinhas não sabem nadar, a melhor mãe para ele serei eu que tenho muito leite. Vou cuidar dele junto com o meu bezerrinho e isso será ótimo, pois assim um faz companhia para o outro. – Concluiu a vaca.
- De que adianta ter leite se galinha gosta de milho? Deixem o garoto comigo e vou ensiná-lo a proteger a casa, para que se torne um galo muito corajoso. Nós cachorros somos especialistas em afugentar intrusos. – Disse o velho labrador da fazenda.
- Você já está muito velho e não protege nem a si mesmo. Se você tão bom teria afugentado aquela onça antes que comesse a mãe dele e os irmãos. – Disse novamente a vaca.
O pintinho começou a chorar, lembrando-se de tudo que havia acontecido. A coruja se aproximou dele e o abraçando disse:
- Não ligue para esses todos, venha comigo e vou lhe transforma num ótimo galo sentinela para vigiar a fazenda durante a noite junto comigo.
- Você se esqueceu de que galinhas dormem logo que o sol se põe? Como ele poderá ficar a noite toda acordado com você? Vamos acabar com essa discussão sem sentido e deixem que eu cuido dele. Sou forte e posso carregá-lo em minhas costas, assim duvido que aquela maldita onça possa devorá-lo. – Disse o cavalo.
- E como acha que ele vai segurar em sua crina hein gênio? Esqueceu que galinhas têm asas, você vai acabar derrubando ele, não percebe que ele é apenas um bebê sem mãe. Vou levá-lo para o chiqueiro e vou enchê-lo de lama e vou ensiná-lo a ser um porquinho, assim como todos os meus outros filhotes e logo ele irá se esquecer de que é um pintinho. – Disse a porca.
- Eu não quero me esquecer de quem eu sou, um dia serei um galo muito forte e vou proteger toda a fazenda. – Disse o pintinho enquanto estufava seu peito.
- Já chega! Estamos aqui há horas e não chegamos a lugar nenhum. Nenhum de nós está apto para se tornar a nova mãe do pobre pintinho órfão, precisamos decidir o que faremos com ele. – Disse a ovelha.
- Nós não podemos deixá-lo abandonado por aí, isso não! – Disse a vaca.
- Mas todos nós somos tão diferentes dele, o que faremos? – Disse a avestruz
- Na verdade não somos diferentes dele, somos diferente um dos outros. Cada um tem uma particularidade e uma função na fazenda. Um fornece o leite, o outro a lã, uns trabalham, outros dão seus ovos e eu, por exemplo, vigio tudo a noite com meus enormes olhos de coruja. Mesmo assim não convivemos com as nossas diferenças? Vamos parar de discutir e muito menos de querer transformar o pequeno pintinho em outro animal, ele é um pinto e um dia se tornará um galo que nos ajudará muito defendendo nosso quintal.
- Então o que faremos com ele? – Perguntou a pata.
- Vamos deixar que ele seja ele mesmo e cada dia um será a mãe dele, assim ele conservará a essência dele e aprenderá de tudo um pouco. Vamos fazer uma escala e cada dia um cuidará dele até que ele se transforme num galo. – Concluiu a coruja.
Os dias se passaram e o pintinho havia aprendido de tudo um pouco, mas o que ele realmente aprendeu é que todos nós somos diferentes e cada um dá a sua contribuição neste mundo de uma maneira única e que devemos sempre ser aquilo que realmente somos. Não precisamos mudar nossa essência para agradar o outro, basta apenas que respeitemos a todos os que nos cercam.

Gota de Devaneio: Nossos amigos também são nossa família, principalmente quando a saudade de casa é grande e não há nada que possa ser feito.
Anderson Carlos de Oliveira


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