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segunda-feira, 15 de julho de 2013

A verdadeira identidade da Condessa!

CATEGORIA: SUSPENSE/ROMANCE
 
Início do século XVIII, numa fazenda no interior de São Paulo todos correm pois a qualquer momento o Conde e a Condessa chegariam, estavam vindo da Europa para passar uma temporada no Brasil. De repente um dos capatazes chegou a cavalo gritando que o navio que trazia seus patrões havia naufragado próximo da Costa e apenas a Condessa havia sobrevivido.

- A condessa Matilde? Como pode ter sido a única sobrevivente com toda aquela fragilidade? - Questionou a Srª Rute que era a Governanta da fazenda.

- Vai ver ainda não era a hora da condessa? E ela é tão boa, pior se quem tivesse sobrevivido fosse o Conde. - Comentou uma das escravas.

- Pare de falar asneira, se um dos capatazes escutar isso você está perdida, ou se esqueceu que você é uma escrava? - Retrucou a governanta.

Dias se passaram enquanto todos aguardavam até que a Condessa recebesse alta do hospital, alguns até tentaram visitá-la mas a mesma não quis receber ninguém. Certa tarde quando menos esperavam a Condessa chegou a fazenda, trajava um vestido preto e estava com um chapéu com um véu negro cobrindo o rosto.

A Governanta havia estranhado o comportamento frio da mesma, afinal dentre todos os funcionários ela era a única que conhecia a condessa, esperava pelo menos um Boa tarde exclusivo e não um generalizado como ela havia dado, vai ver era a tristeza pela morte do marido, pensou ela. Logo após o casamento o Conde havia a levado para a Europa e lá permaneceram durante 10 anos, nesse período muitos escravos foram vendidos e outros comprados e os capatazes substituídos por outros mais jovens. 

Mas algo martelava em sua cabeça, a condessa não parecia mais a mesma, estava diferente. Desconfiada ela subiu as escadas e ficou atrás da porta do quarto tentando escutar algo mas não conseguia, quando de repente foi surpreendida.

- Que coisa feia espiando sua patroa. - Disse uma senhorita muito elegante.

- Perdoe-me senhora, eu iria perguntar a Condessa se ela deseja alguma coisa. - Respondeu a Governanta.

- Pode descer, se ela precisar de algo irá lhe chamar.

E assim a governanta fez, durante todo o resto do dia a Condessa permaneceu trancada em seu quarto, aquele cão de guarda descia, para pegar algo que a mesma pedia e levava para o quarto. Naquela noite a governanta não conseguiu dormir pensando naquela atitude tão estranha da Condessa Matilde e em quem poderia ser aquela mulher tão estranha que a acompanhava.

Na manhã seguinte aquela mulher até então desconhecida pediu que a governanta reunisse todos os funcionários e escravos em frente a casa pois a condessa gostaria de falar com todos. Quando todos já estavam lá fora a condessa desceu, ainda com um véu sobre o rosto e permaneceu parada com os braços cruzados próximo a porta enquanto a elegante mulher desconhecida começou a falar.

- A condessa ainda está muito abalada com tudo que aconteceu e por isso eu serei a porta-voz dela agora, sou a Srtª Rosa, prima da condessa e vim lhe dar apoio neste momento difícil e ela me incumbiu de tomar as rédeas dos assuntos da fazenda. A primeira coisa que ela gostaria de lhes comunicar é que todos vocês que são escravos irão receber suas cartas de alforria para serem contratados e passaram a receber um salário.

Neste momento todos começaram a gritar: - Salve a Condessa Matilde! Salve...

A governanta olha para um dos capatazes e diz: - Estranho, muito estranho!

- O que estranho? - Disse ele.

- A condessa parece mais baixa do que era.

- Pare de coisa mulher, preocupe-se com esses escravos que agora serão tratados como nós. - Desabafou o capataz.

- Deixem-me continuar, esta era uma das vontades do finado Conde. Ainda nesta semana ela irá assinar todas as cartas de vocês. Aqueles que quiserem continuar aqui serão bem vindos e aqueles que quiserem ir para outros lugares poderão fazer isso pois serão livres para tal. Por hora é só isso, ah senhora Rute, vá até o quarto da condessa daqui a pouco precisamos conversar.

Todos estavam eufóricos, se abraçavam e gritavam de alegria. A governanta passando entre eles e até mesmo empurrando alguns disse:

- Essa mulher não é a condessa, não sei quem ela é, mas não é a senhora Matilde.

Ela foi até o quarto de sua patroa e chegando lá encontrou a condessa sentada numa poltrona distante da porta e próxima de uma das janelas e mais a frente estava a Srtª Rosa que a recebeu e pediu que a mesma se sentasse.

- Sabe o que mais me intriga Srta Rosa?
- Nem imagino Sra Rute, o que seria?
- Eu não conhecê-la, no casamento do Conde toda a família da Sra Matilde veio do sul, a senhora não estava com eles e nem mesmo falaram em sua existência. Tive o prazer de conhecer todas as primas dela.
- Na verdade eu era muito jovem e ainda estava estudando no exterior e por isso não puder vir. Mas não entendi seu comentário, está insinuando alguma coisa, se estiver por favor seja mais clara.
- Não estou insinuando nada, eu tenho certeza que ela não é a Condessa Matilde, ainda não sei qual é o tipo de golpe que vocês estão tramando, mas irei escrever para a família da verdadeira Condessa pedindo que eles venham aqui imediatamente.
- Você está contando alguma comédia, é isso? - Disse a Srta Rosa enquanto soltava algumas gargalhadas.
- Não vejo motivos para graça,  você sabe tanto quanto eu que ela não é a condessa.
- A senhora pode fazer o que quiser, mas fora daqui. A condessa iria lhe transferir para a fazenda do Rio de Janeiro, mas diante de tamanha petulância a senhora está sendo demitida, pegue tudo que lhe pertence e antes do anoitecer saia daqui, lhe pagaremos tudo que lhe cabe, agora saia de nossa vista.

A governanta se levantou enfurecida e fixando seu olhar na figura da condessa se retirou do quarto, mas após bater a porta e fazer barulho com seus pés como se estivesse se afastando retornou o colou o ouvido na porta e só pode escutar a mulher que se intitulava condessa dizendo:- Precisamos correr, traga amanhã mesmo o escrivão para que eu assine todas as cartas de euforia, já treinei a assinatura.

Ela desceu correndo e foi até seu quarto aprontar suas coisas, enquanto isso pensava que não poderia deixar aquela impostora se apoderar de tudo que era dos verdadeiros condes, que mesmo não tendo filhos tinham parentes. Antes de anoitecer A Srta. Rosa lhe pagou e a governanta saiu da casa pensando no que faria para incriminar aquela mulher, na manhã seguinte iria até a delegacia denunciá-la e assim o fez.

Chegou bem cedinho e todos estavam envolvidos na captura de um foragido muito perigoso da justiça e por isso demoraram a retornar para que ela pudesse denunciar a falsa condessa. Mesmo achando absurda a história o delegado foi até a fazenda pouco antes do meio dia e foi surpreendido com todos os escravos cm suas cartas de alforria assinadas gritando por serem livres e o padre que também estava lá lhe disse que a Condessa já havia partido numa viagem pelo mundo e que antes de sair havia doado todas as propriedades para a igreja que poderia usá-las como abrigos e escolas.

Achando aquilo muito estranho o delegado contou para o padre tudo que a governanta havia lhe dito, mas o padre logo disse que conhecia a Condessa pois havia realizado o casamento dela com o Conde e tinha certeza que aquela era a mesma mulher. A governanta que logo chegou enfurecida por ver que todos estavam livres e a mulher havia fugido disse que tinha certeza que aquela não era a Sra Matilde e ficou insistindo tanto nessa história que acabou internada num sanatório.

Certo dia enquanto uma freira lhe medicava, ela disse:

- É você, posso lhe reconhecer, você estava com um véu mas posso lhe reconhecer. Foi você quem se passou pela condessa.
- Acho que a senhora esta meio transtornada, esse medicamento logo fará efeito. - Disse ela enquanto aplicava a injeção.

Logo em seguida a governanta dormiu e saindo dali a freira passou na igreja da cidade e contou ao padre que havia sido reconhecida, mas este mandou que ela ficasse tranquila pois todos já consideravam a Sra Rute uma louca, logo em seguida chegou a Srta Rosa com seu noivo e cumprimentando e freira disse que estava ali para marcar a data do seu casamento.

- Você nem imagina como me sinto mal por tudo que me fez fazer Rosa. - Disse a freira.
- Olhe pelo lado positivo que você ajudou muitos escravos a ficarem livres inclusive meu amado. - Disse Rosa.
- Quantas vezes tenho que lhe pedir para nunca mais tocarem neste assunto? A condessa foi embora para sempre, se alguém souber que aquela assinatura é falsa, o Ademir volta a ser escravo além de nós 3 irmos parar atrás das grades. - Disse o padre.
- Não fizemos nada de errado, a condessa já havia convencido o Conde a assinar a alforria de todos os escravos, ela era uma mulher muito boa e eu tinha orgulho em ser dama de companhia de uma mulher tão justa, quando enviaram o Ademir novamente ao Brasil eu quis morrer e resolvi contar a condessa que estávamos apaixonados um pelo outro e ela disse que quando eles viessem novamente ao Brasil libertariam todos os escravos. Quando o barco naufragou tentei salvá-la, mas não consegui, quando perguntaram quem eu era só me veio a mente em tudo de ruim que aconteceria se o irmão do Duque ficasse com a fazenda, todos os escravos seriam muito maltratados, inclusive meu amado. A primeira coisa que pensei ao ver aquela freira naquele hospital foi no quanto ela parecia com a condessa apesar de ser um pouco mais baixa. - Disse a Srta Rosa.
- Que Deus me perdoe padre, mas só aceitei porque temi por todos aqueles pobres escravos e além do mais nada mais justo do que deixar tudo para a igreja uma vez que os parente do Conde sejam tão mesquinhos e estejamos tão necessitados - Disse a Freira.
- Que mal haverá em amar e ajudar os outros? Foi apenas isso que fizemos. - Disse a Srta Rosa.

Alguns meses depois Rosa se casou com Ademir e nunca se importou com o preconceito que sofria por ter se casado com um homem que havia sido um escravo, não ficou com nenhum centavo da fortuna do Conde, viveram muito felizes.
Depois de algum tempo a Sra Rute saiu do sanatório, começou a acreditar que realmente estava equivocada ao duvidar que aquela fosse a verdadeira condessa.
A verdadeira identidade da condessa nunca foi revelada e todos aqueles escravos permaneceram livres e felizes. 


Gota de Devaneio: - Existem caminhos tortuosos que nos levam á objetivos capazes de explicar a escolha do trajeto.
Anderson Carlos de Oliveira
 
 
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