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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A CHAVE DA VERDADE

CATEGORIA: SUSPENSE

A família Neves havia acabado de se mudar para uma casa que haviam comprado em outra cidade já que o chefe da família o senhor Clóvis havia conseguido um bom emprego lá, por isso todos resolveram o acompanhar, sua esposa Janete, seu filho Eliezer e sua filha Antônia.

Logo que começaram a abrir as caixas da mudança e a organizar as coisas, Antônia que era uma jovem de cabelos negros e cumpridos com aproximadamente 20 anos foi até um velho armário do banheiro que ficava no seu quarto para retirá-lo e colocar o outro que ela havia trazido de sua casa anterior. Mas antes de retirá-lo da parede ela o abriu apenas por curiosidade e encontrou dentro dele uma velha chave que estava presa numa pequena corrente de prata. Ela ficou observando aquela chave durante alguns segundos e pensando qual seria a utilidade daquela chave, logo foi até o closet do seu quarto, mas a chave era grande demais para ser dali.

Continuou encafifada com aquilo e tentou colocar a chave no buraco da fechadura do seu quarto, a chave até entrou, mas não rodou. Sua curiosidade havia se tornado maior que a disposição de organizar as coisas, por isso saiu por toda a casa verificando todas as fechaduras possíveis para ver a qual delas pertencia à chave. Mas aquela chave não pertencia a nenhuma daquelas portas. Sua mãe ao perceber a movimentação estranha da sua filha logo lhe perguntou:

- O que está acontecendo Antônia? Porque você fica de um lado para o outro com esta chave na mão?
- Encontrei esta chave no armário do banheiro do meu quarto e estou tentando descobrir qual porta ela abre.
O pai que estava um pouco distante, mas não o suficiente para deixar de escutar logo disse:
- Deve ser uma chave sem serventia, todas as chaves da casa foram entregues para mim quando comprei a casa. Jogue ela fora.
- Não pai! Eu gostei dela. – Respondeu a jovem enquanto colocava a corrente com a chave pendurada em seu pescoço.

O restante do dia transcorreu normalmente e a noite quando todos estavam sentados à mesa jantando Eliezer disse:

- Pai, a quem pertencia esta casa?
- Filho, sinceramente eu nem sei. Comprei direto com a corretora e nem fiz muitas perguntas, só sei que pertenceu a uma família que tinha uma filha com transtornos mentais. Algum tempo depois a moça foi internada numa clínica psiquiátrica e logo depois os outros familiares também se mudaram daqui.
- Vai ver esta casa trazia más recordações para eles. – Disse Janete enquanto levava o garfo espetado num pedaço de carne até sua boca.
- Mas porque a pergunta filho? – Continuou o pai.
- Por nada! Encontrei no porão uma caixa velha com algumas fotos e fiquei curioso pensando quem seriam aquelas pessoas.
- Eu posso ver essas fotos? – Questionou Antônia.
- Claro maninha, assim que eu terminar o meu jantar pego a caixa para você ver.

Após o jantar antes mesmo que Eliezer cumprisse o prometido, sua irmã Antônia pediu que ele a levasse até o porão para que ela pudesse ver as fotos e ele prontamente atendeu.

A moça começou a observar as fotos e percebeu que aquela era uma família como outra qualquer, um pai, uma mãe e uma filha. Mas algo lhe chamou a atenção na garota de aproximadamente 12 anos nas fotos que pareciam ser mais recentes, ela tinha um olhar muito triste.

- Nossa! Você não tem cara de quem sofre problemas psicológicos tão sérios ao ponto de ser internada. – Disse Antônia enquanto olhava uma foto em que a garota posava sozinha.
- Antônia, venha dormir. Amanhã terminamos de organizar tudo, hoje foi um dia muito cansativo, venha descansar. – Gritou Janete da porta do porão.
- Já estou indo Mãe!

Logo que voltou seus olhos novamente para a foto que segurava Antônia pode perceber que a chave que ela usava pendurada em seu pescoço também estava sendo usada pela menina da foto.
- Vejam só! Já encontrei a dona desta chave, só me resta saber para que ela serve. – Pensou ela.

Logo guardou as fotos, apagou a luz do porão e foi dormir.

Na manhã seguinte continuava olhando para chave e pensando que se ela era tão importante ao ponto daquela garotinha estar usando, porque ela a deixou dentro do armário e não levou com ela quando foi embora. Antônia parecia estar obcecada de alguma maneira em descobrir qual era a função daquela chave.

Lembrou-se que na garagem também haviam algumas coisas velhas que já estavam na casa quando eles chegaram e decidiu ir até lá ver se encontrava alguma coisa, mas a garagem estava com um forte cheiro de mofo e por isso ela abriu o portão automático. Logo que o portão se ergueu por completo ela pode observar numa casa do outro lado da rua, bem em frente a sua uma senhora de aproximadamente 80 anos sentava numa cadeira fazendo tricô.

Aquela senhora deve saber alguma coisa a respeito destas pessoas que moraram aqui, vou até lá perguntar. – Pensou ela.
- Boa tarde senhora, sou sua nova vizinha de frente, me chamo Antônia.
- Oi Antônia tudo bem? É bom conhecê-la, seja bem vinda ao nosso bairro. Eu me chamo Olga. – Disse a simpática senhora.
- A senhora conheceu a família que morava nesta casa?
- Sim, como poderia me esquecer dos Almeida? Sente-se! – Disse ela enquanto estendia seu braço na direção de outra cadeira próximo a sua.
- A senhora sabe por que eles venderam a casa? Onde eles estão agora?
- Esta casa já estava à venda há muito tempo, desde que eles saíram daqui. Isso deve ter aproximadamente uns 3 anos, isso mesmo 3 anos. – Disse a senhora enquanto continuava tricotando.
- Como se chamava a filha deles? É verdade que ela está internada numa clínica psicológica?

A mulher parou de tricotar, colocou a agulha em seu colo, retirou seus óculos e disse:

- Foi uma história muito triste minha filha, aquela garotinha se chama Carolina. Ela sempre foi uma menina muito espertar e inteligente, na verdade ela era filha apenas da Eva, o pai da Carolina foi quem fez esta casa onde você mora agora. Ele era um homem muito bom, mas infelizmente acabou sofrendo um terrível acidente de carro que tirou sua vida, Eva e Carolina sofreram muito, mas o Fernando que era muito amigo do pai da Carolina começou a visitar muito mãe e filha, acho que ele queria cuidar delas já que o amigo havia morrido, mas o coração prega tantas peças na gente que ele e a Eva acabaram se apaixonando. Logo depois se casaram, mas a Carolina nunca o aceitou como marido de sua mãe, ele é um homem tão educado, não sei por que ela não gostava dele. Mas a história triste dessa família não termina por aí não, pouco tempo depois Eva acabou caindo da escada de uma maneira muito estranha e morreu. Foi aí que o Fernando decidiu abrir o jogo e disse que a Carolina havia empurrado sua mãe escada abaixo durante um dos seus surtos, infelizmente ela foi internada numa clínica psicológica e está lá até hoje, isso já tem 3 anos. Acho que agora a Carolina deve ter uns 15 anos. Não gosto nem de lembrar como aquela garotinha de olhos tristes foi capaz de fazer isso contra a própria mãe.

- Nossa Dona Olga! Que história horrível, fiquei até arrepiada. – Disse Antônia enquanto segurava a chave pendurada em seu pescoço.
- A chave, a chave da Carolina. – Disse Dona Olga
- Isso mesmo é a chave dela, encontrei dentro do armário do banheiro do meu quarto.
- Isso tudo é muito estranho, logo que a Carolina foi internada eu a visitei. Sempre gostei muito da família dela e de alguma forma ela nunca me pareceu uma menina transtornada psicologicamente. Ela me disse que precisava da chave e que a chave revelaria toda a verdade. Eu disse que não sabia onde estava esta chave e ela se aproximou do meu ouvido e sussurrou, ela está no armário. Mas a casa permanecia trancada e nunca mais vi o Fernando para saber desta tal chave. Mas me lembro de muito bem que ela usava essa chave o tempo todo pendurada no pescoço.
- Mas para que serve esta chave?
- Minha querida jovem eu não sei, recordo-me apenas que desde a morte do pai a Carolina não desgrudava dessa chave, vai ver essa chave pertencia ao pai dela e ela guardou como recordação. Ah! Eu me lembro de uma coisa também, mas isso não tem nada a ver com nosso assunto. Deixe para lá.
- Não Dona Olga! Por favor, me diga do que se trata.
- Vai ver essa menina é meio perturbada mesmo, a noite a vi algumas vezes cavando próximo daquela árvore ali na entrada da sua garagem. Pobre menina, vai ver que ela enlouqueceu devido a morte do pai, pois antes ela não ficava cavando durante a madrugada e nem carregando uma chave para cima e para baixo. Se bem que tem alguém aí que parece ter criado a mesma obsessão que ela com essa chave. – Disse Dona Olga ao olhar Antônia de cima embaixo.
- Acho que descobrir o que esta chave esconde, mas posso lhe garantir que não sou louca não Dona Olga. Obrigado por ter me contado isso tudo.

Antônia saiu correndo e foi até a árvore para tentar cavar com as próprias mãos para descobrir se Carolina havia enterrado alguma coisa ali, mas a terra estava muito dura. Afinal já tinha mais de 3 anos que a garota tinha mexido ali, ela pegou uma pá, começou a cavar e logo encontrou uma caixa. Pegou a chave no seu pescoço e abriu a caixa, finalmente ela havia descoberto para que servia aquela chave, mas o que poderia haver dentro daquela caixa para revelar a verdade?

- Minha filha? Porque Está cavando aí? – Perguntou o Sr. Clóvis
- Espere um pouco papai, deixe-me ver o que tem aqui dentro.

A jovem abriu a caixa e encontrou dentro dela uma câmera fotográfica embalada num plástico, ela rasgou o plástico e abriu a câmera e retirou o cartão de memória. Correu para dentro de sua casa, colocou o cartão em seu note book e abriu um vídeo.

O vídeo mostrava uma discussão entre Eva e Fernando.

- Fernando onde está o dinheiro que recebi do seguro da morte do pai da Carolina?
- Eu transferi para uma conta mais segura.
- Como assim mais segura? Tirou da nossa conta conjunta e colocou numa conta sua por quê?
- Porque você não sabe administrar o nosso dinheiro.
- Como assim Fernando? Esse dinheiro é da Carolina, combinamos que não mexeríamos nele.
- A Carolina não precisa de dinheiro, eu sim.
- Se você não devolver cada centavo vou procurar a polícia e vou te denunciar.
- Não vai mesmo. – Disse Fernando enquanto empurrava Eva da Escada.

Logo depois ele desceu até ela que ainda estava viva e tapou seu nariz para que morresse asfixiada. Enquanto a sufocava ele disse que havia sabotado o carro do marido dela pra que ele morresse e pudesse se casar com ela e colocar a mão no dinheiro do seguro que ela e a filha receberiam.

Antônia procurou a polícia imediatamente e entregou a gravação, após algum tempo eles prenderam Fernando, recuperaram o dinheiro do seguro e da venda da casa e entregaram para Carolina que apesar de ter outros parentes quis ficar com Antônia e sua família. Afinal de contas sem Antônia a verdade nunca teria vindo à tona.

Gota de Devaneio: “Lutar pela verdade é sinônimo de nobreza, principalmente quando esta verdade não lhe traz benefício nenhum.”

Anderson Carlos de Oliveira

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