CATEGORIA:
SUSPENSE
A família Neves havia
acabado de se mudar para uma casa que haviam comprado em outra cidade
já que o chefe da família o senhor Clóvis havia conseguido um bom
emprego lá, por isso todos resolveram o acompanhar, sua esposa
Janete, seu filho Eliezer e sua filha Antônia.
Logo que começaram a
abrir as caixas da mudança e a organizar as coisas, Antônia que era
uma jovem de cabelos negros e cumpridos com aproximadamente 20 anos
foi até um velho armário do banheiro que ficava no seu quarto para
retirá-lo e colocar o outro que ela havia trazido de sua casa
anterior. Mas antes de retirá-lo da parede ela o abriu apenas por
curiosidade e encontrou dentro dele uma velha chave que estava presa
numa pequena corrente de prata. Ela ficou observando aquela chave
durante alguns segundos e pensando qual seria a utilidade daquela
chave, logo foi até o closet do seu quarto, mas a chave era grande
demais para ser dali.
Continuou encafifada
com aquilo e tentou colocar a chave no buraco da fechadura do seu
quarto, a chave até entrou, mas não rodou. Sua curiosidade havia se
tornado maior que a disposição de organizar as coisas, por isso
saiu por toda a casa verificando todas as fechaduras possíveis para
ver a qual delas pertencia à chave. Mas aquela chave não pertencia
a nenhuma daquelas portas. Sua mãe ao perceber a movimentação
estranha da sua filha logo lhe perguntou:
- O que está
acontecendo Antônia? Porque você fica de um lado para o outro com
esta chave na mão?
- Encontrei esta chave
no armário do banheiro do meu quarto e estou tentando descobrir qual
porta ela abre.
O pai que estava um
pouco distante, mas não o suficiente para deixar de escutar logo
disse:
- Deve ser uma chave
sem serventia, todas as chaves da casa foram entregues para mim
quando comprei a casa. Jogue ela fora.
- Não pai! Eu gostei
dela. – Respondeu a jovem enquanto colocava a corrente com a chave
pendurada em seu pescoço.
O restante do dia
transcorreu normalmente e a noite quando todos estavam sentados à
mesa jantando Eliezer disse:
- Pai, a quem pertencia
esta casa?
- Filho, sinceramente
eu nem sei. Comprei direto com a corretora e nem fiz muitas
perguntas, só sei que pertenceu a uma família que tinha uma filha
com transtornos mentais. Algum tempo depois a moça foi internada
numa clínica psiquiátrica e logo depois os outros familiares também
se mudaram daqui.
- Vai ver esta casa
trazia más recordações para eles. – Disse Janete enquanto levava
o garfo espetado num pedaço de carne até sua boca.
- Mas porque a pergunta
filho? – Continuou o pai.
- Por nada! Encontrei
no porão uma caixa velha com algumas fotos e fiquei curioso pensando
quem seriam aquelas pessoas.
- Eu posso ver essas
fotos? – Questionou Antônia.
- Claro maninha, assim
que eu terminar o meu jantar pego a caixa para você ver.
Após o jantar antes
mesmo que Eliezer cumprisse o prometido, sua irmã Antônia pediu que
ele a levasse até o porão para que ela pudesse ver as fotos e ele
prontamente atendeu.
A moça começou a
observar as fotos e percebeu que aquela era uma família como outra
qualquer, um pai, uma mãe e uma filha. Mas algo lhe chamou a atenção
na garota de aproximadamente 12 anos nas fotos que pareciam ser mais
recentes, ela tinha um olhar muito triste.
- Nossa! Você não tem
cara de quem sofre problemas psicológicos tão sérios ao ponto de
ser internada. – Disse Antônia enquanto olhava uma foto em que a
garota posava sozinha.
- Antônia, venha
dormir. Amanhã terminamos de organizar tudo, hoje foi um dia muito
cansativo, venha descansar. – Gritou Janete da porta do porão.
- Já estou indo Mãe!
Logo que voltou seus
olhos novamente para a foto que segurava Antônia pode perceber que a
chave que ela usava pendurada em seu pescoço também estava sendo
usada pela menina da foto.
- Vejam só! Já
encontrei a dona desta chave, só me resta saber para que ela serve.
– Pensou ela.
Logo guardou as fotos,
apagou a luz do porão e foi dormir.
Na manhã seguinte
continuava olhando para chave e pensando que se ela era tão
importante ao ponto daquela garotinha estar usando, porque ela a
deixou dentro do armário e não levou com ela quando foi embora.
Antônia parecia estar obcecada de alguma maneira em descobrir qual
era a função daquela chave.
Lembrou-se que na
garagem também haviam algumas coisas velhas que já estavam na casa
quando eles chegaram e decidiu ir até lá ver se encontrava alguma
coisa, mas a garagem estava com um forte cheiro de mofo e por isso
ela abriu o portão automático. Logo que o portão se ergueu por
completo ela pode observar numa casa do outro lado da rua, bem em
frente a sua uma senhora de aproximadamente 80 anos sentava numa
cadeira fazendo tricô.
Aquela senhora deve
saber alguma coisa a respeito destas pessoas que moraram aqui, vou
até lá perguntar. – Pensou ela.
- Boa tarde senhora,
sou sua nova vizinha de frente, me chamo Antônia.
- Oi Antônia tudo bem?
É bom conhecê-la, seja bem vinda ao nosso bairro. Eu me chamo Olga.
– Disse a simpática senhora.
- A senhora conheceu a
família que morava nesta casa?
- Sim, como poderia me
esquecer dos Almeida? Sente-se! – Disse ela enquanto estendia seu
braço na direção de outra cadeira próximo a sua.
- A senhora sabe por
que eles venderam a casa? Onde eles estão agora?
- Esta casa já estava
à venda há muito tempo, desde que eles saíram daqui. Isso deve ter
aproximadamente uns 3 anos, isso mesmo 3 anos. – Disse a senhora
enquanto continuava tricotando.
- Como se chamava a
filha deles? É verdade que ela está internada numa clínica
psicológica?
A mulher parou de
tricotar, colocou a agulha em seu colo, retirou seus óculos e disse:
- Foi uma história
muito triste minha filha, aquela garotinha se chama Carolina. Ela
sempre foi uma menina muito espertar e inteligente, na verdade ela
era filha apenas da Eva, o pai da Carolina foi quem fez esta casa
onde você mora agora. Ele era um homem muito bom, mas infelizmente
acabou sofrendo um terrível acidente de carro que tirou sua vida,
Eva e Carolina sofreram muito, mas o Fernando que era muito amigo do
pai da Carolina começou a visitar muito mãe e filha, acho que ele
queria cuidar delas já que o amigo havia morrido, mas o coração
prega tantas peças na gente que ele e a Eva acabaram se apaixonando.
Logo depois se casaram, mas a Carolina nunca o aceitou como marido de
sua mãe, ele é um homem tão educado, não sei por que ela não
gostava dele. Mas a história triste dessa família não termina por
aí não, pouco tempo depois Eva acabou caindo da escada de uma
maneira muito estranha e morreu. Foi aí que o Fernando decidiu abrir
o jogo e disse que a Carolina havia empurrado sua mãe escada abaixo
durante um dos seus surtos, infelizmente ela foi internada numa
clínica psicológica e está lá até hoje, isso já tem 3 anos.
Acho que agora a Carolina deve ter uns 15 anos. Não gosto nem de
lembrar como aquela garotinha de olhos tristes foi capaz de fazer
isso contra a própria mãe.
- Nossa Dona Olga! Que
história horrível, fiquei até arrepiada. – Disse Antônia
enquanto segurava a chave pendurada em seu pescoço.
- A chave, a chave da
Carolina. – Disse Dona Olga
- Isso mesmo é a chave
dela, encontrei dentro do armário do banheiro do meu quarto.
- Isso tudo é muito
estranho, logo que a Carolina foi internada eu a visitei. Sempre
gostei muito da família dela e de alguma forma ela nunca me pareceu
uma menina transtornada psicologicamente. Ela me disse que precisava
da chave e que a chave revelaria toda a verdade. Eu disse que não
sabia onde estava esta chave e ela se aproximou do meu ouvido e
sussurrou, ela está no armário. Mas a casa permanecia trancada e
nunca mais vi o Fernando para saber desta tal chave. Mas me lembro de
muito bem que ela usava essa chave o tempo todo pendurada no pescoço.
- Mas para que serve
esta chave?
- Minha querida jovem
eu não sei, recordo-me apenas que desde a morte do pai a Carolina
não desgrudava dessa chave, vai ver essa chave pertencia ao pai dela
e ela guardou como recordação. Ah! Eu me lembro de uma coisa
também, mas isso não tem nada a ver com nosso assunto. Deixe para
lá.
- Não Dona Olga! Por
favor, me diga do que se trata.
- Vai ver essa menina é
meio perturbada mesmo, a noite a vi algumas vezes cavando próximo
daquela árvore ali na entrada da sua garagem. Pobre menina, vai ver
que ela enlouqueceu devido a morte do pai, pois antes ela não ficava
cavando durante a madrugada e nem carregando uma chave para cima e
para baixo. Se bem que tem alguém aí que parece ter criado a mesma
obsessão que ela com essa chave. – Disse Dona Olga ao olhar
Antônia de cima embaixo.
- Acho que descobrir o
que esta chave esconde, mas posso lhe garantir que não sou louca não
Dona Olga. Obrigado por ter me contado isso tudo.
Antônia saiu correndo
e foi até a árvore para tentar cavar com as próprias mãos para
descobrir se Carolina havia enterrado alguma coisa ali, mas a terra
estava muito dura. Afinal já tinha mais de 3 anos que a garota tinha
mexido ali, ela pegou uma pá, começou a cavar e logo encontrou uma
caixa. Pegou a chave no seu pescoço e abriu a caixa, finalmente ela
havia descoberto para que servia aquela chave, mas o que poderia
haver dentro daquela caixa para revelar a verdade?
- Minha filha? Porque
Está cavando aí? – Perguntou o Sr. Clóvis
- Espere um pouco
papai, deixe-me ver o que tem aqui dentro.
A jovem abriu a caixa e
encontrou dentro dela uma câmera fotográfica embalada num plástico,
ela rasgou o plástico e abriu a câmera e retirou o cartão de
memória. Correu para dentro de sua casa, colocou o cartão em seu
note book e abriu um vídeo.
O vídeo mostrava uma
discussão entre Eva e Fernando.
- Fernando onde está o
dinheiro que recebi do seguro da morte do pai da Carolina?
- Eu transferi para uma
conta mais segura.
- Como assim mais
segura? Tirou da nossa conta conjunta e colocou numa conta sua por
quê?
- Porque você não
sabe administrar o nosso dinheiro.
- Como assim Fernando?
Esse dinheiro é da Carolina, combinamos que não mexeríamos nele.
- A Carolina não
precisa de dinheiro, eu sim.
- Se você não
devolver cada centavo vou procurar a polícia e vou te denunciar.
- Não vai mesmo. –
Disse Fernando enquanto empurrava Eva da Escada.
Logo depois ele desceu
até ela que ainda estava viva e tapou seu nariz para que morresse
asfixiada. Enquanto a sufocava ele disse que havia sabotado o carro
do marido dela pra que ele morresse e pudesse se casar com ela e
colocar a mão no dinheiro do seguro que ela e a filha receberiam.
Antônia procurou a
polícia imediatamente e entregou a gravação, após algum tempo
eles prenderam Fernando, recuperaram o dinheiro do seguro e da venda
da casa e entregaram para Carolina que apesar de ter outros parentes
quis ficar com Antônia e sua família. Afinal de contas sem Antônia
a verdade nunca teria vindo à tona.
Gota de Devaneio:
“Lutar pela verdade é sinônimo de nobreza, principalmente quando
esta verdade não lhe traz benefício nenhum.”
Anderson
Carlos de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário